sábado, 10 de dezembro de 2011

um dia, Sofia escreveu

você se lembra daquela vez, ao telefone, em que falamos sobre o que temíamos? eu disse que temia que você um dia chegasse para mim e dissesse, "o que eu quero mesmo é essa vida", e terminasse. e você, quase que a mesma coisa: "tenho medo que você um dia se canse de tudo isso". e acho, desde aquele momento, que eu estava certa (ainda mais com tudo o que aconteceu após essa conversa telefônica reveladora e verdadeiramente sincera). você não me disse com essas palavras, mas o fez. e eu, como num ato de arrogância e medo, prefiro entender que eu já sentia a sua falta. por isso mesmo deveria ter sido fácil aceitar e esquecer. mas não foi, e não é. como uma ferida aberta eu ainda tento esquecer e aceitar os conselhos de outrém, "nada na vida é definitivo, sofia". e não é. você não foi. e nada é senão mais que uma verdade efêmera (inserida em um determinado recorte de tempo). e, enquanto escrevo esta carta, caem algumas lágrimas no teclado. algumas em que nem eu mesma sei por que ainda caem. mas o fato é que elas caem e me fazem sentir, de novo, a angústia do não-ter-não-ser-não-existir, ao menos no seu mundo e, para você. elas estão no passado, assim como eu: anestesiada e crente de que foi melhor assim. aí, talvez, eu consiga me encontrar, para depois, reencontrar você.

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