quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

“Pra ti, meu bem, tudo aquilo que sonhaste!”

Cansei. Eu e mais meio mundo. Ou mais, talvez. Fique com este trecho de Fernando Pessoa, que diz muito do que eu gostaria de dizer a você, se personificado fosse. Que o outro um pouco mais adiantado que você, venha, e seja ao menos um pouco parecido. Me fez provar tantas coisas! De provações todo mundo precisa, afinal, é disso que se faz o fazer de cada dia, mas, precisava ir até o fim? Pode vir. Eu aguento mais uma dose. De peito aberto.
Mas só porque de gênio sou como uma cachaça. Pronta pra gritar e olhar bem fundo nos seus olhos. Armada, com escudo, espada e tudo o mais. O próximo que vem é ano de Oxum e Ogum. É guerreiro, é Jorge, é da Lua, é homem e é mulher.  Pois é. Ai de você, ai! Tá, tudo bem.  Não faz cara feia que isso pra mim é fome. Talvez eu seja dura demais, eu sei. Mas é assim que é. 

Depois de tudo, enfim, o fim. Saudoso fim que sempre chega.  Só para poder recomeçar. Acho lindo. E eu? Continuo, de alma, uma água com açúcar. Percebi que deixei pelo caminho coisas preciosas, na esperança que o fardo ficasse mais leve. E assim, passei além do Bojador – seja lá o que Fernando Pessoa quis dizer com isso.  Ledo engano. O que ficou dobrou de tamanho, impossibilitando a caminhada. Mas cheguei. Cheguei até o próximo, o seguinte, e próximo ao seguinte, e seguinte ao próximo, e assim será enquanto o eu durar.  Desejo, com todas as forças do universo, tudo aquilo que sonhei. E ainda sonho.




....
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador.
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Fernando Pessoa – Mar Português

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