Ao mesmo tempo em que a menina de All Star, jeans e iPod nos ouvidos anda apressada pela calçada da vida, o chale azul claro da moça que está a passar fica preso no botão da bolsa feita de couro da outra que o solta com rara gentileza; a moça bonita, sozinha a andar, avista um amigo que não vê há tempos e como uma surpresa pula na frente dele para dar um abraço saudosista; a mendiga fedida enrolada em sacos plástico faz uma súplica aos céus para que ao menos uma moedinha caia em seu potinho de esmolas, e que por favor, “meu santo Deus!”, nesta noite não chova no seu papelão.
Enquanto os carros passam em um movimento frenético quase que indestrutível e as pessoas não se olham mais nos olhos, o ambulante de filmes piratas oferece aos seus possíveis fregueses uma promoção de “três por dez” para conseguir uns grandes trocados e voltar para sua terra de origem antes que o Rapa chegue; as madames de bolsas e casacos de pele animal passeiam empinadas, olham os óculos escuros na vitrine, e compartilham futilidades indizíveis sobre seus maridos empresários provedores do pão de cada dia de seus filhos que cultivam a infidelidade com a secretária de óculos e saia no corpo colada sem que elas saibam.
Em outra esquina um homem moribundo de terno e chinelos, grita pedaços da bíblia para que todos ouçam a palavra de um suposto Deus, que para ele existe e se personifica na forma de um cifrão dourado e vezenquando prateado; na frete da vitrine da livraria estão todos os lançamentos literários-contadores-de-histórias estampados a serem mostrados para a multidão que passa, e nem os percebe, nem os vê; como em uma crônica de João do Rio, um jovem-homem senta na mesa de um bar, pede uma dose de uísque e ali fica a observar toda, toda, toda essa melancolia.
Enquanto os carros passam em um movimento frenético quase que indestrutível e as pessoas não se olham mais nos olhos, o ambulante de filmes piratas oferece aos seus possíveis fregueses uma promoção de “três por dez” para conseguir uns grandes trocados e voltar para sua terra de origem antes que o Rapa chegue; as madames de bolsas e casacos de pele animal passeiam empinadas, olham os óculos escuros na vitrine, e compartilham futilidades indizíveis sobre seus maridos empresários provedores do pão de cada dia de seus filhos que cultivam a infidelidade com a secretária de óculos e saia no corpo colada sem que elas saibam.
Em outra esquina um homem moribundo de terno e chinelos, grita pedaços da bíblia para que todos ouçam a palavra de um suposto Deus, que para ele existe e se personifica na forma de um cifrão dourado e vezenquando prateado; na frete da vitrine da livraria estão todos os lançamentos literários-contadores-de-histórias estampados a serem mostrados para a multidão que passa, e nem os percebe, nem os vê; como em uma crônica de João do Rio, um jovem-homem senta na mesa de um bar, pede uma dose de uísque e ali fica a observar toda, toda, toda essa melancolia.
Oiiie
ResponderExcluirtudo bem com voce??
eaiii nossa voce escrever bem em!
hauahau
sera q voce pode me seguir tbm??
beeijos
Não sei se são seus ou do Caio Fernando, mas adoro esse ritmo, a poesia de cada segundo, dos olhos atentos aos minunciosos acontecimentos e como eles se desenrolam ao mesmíssimo tempo ilustrando milhões de histórias que geraram outras tantas informações mais. Porque eu acho que tudo é literatura! Bom chegar até aqui, Andrea!
ResponderExcluirMomentos que você recorta. Adoro esse olhar poético que faz-me entrar no texto. É como cair em um Déjà vu! :)
ResponderExcluirHum, interessante seu texto!
ResponderExcluirUm texto poético de coisas do nosso cotidiano, muito bom.
Parabéns.
Beijos.
O olho que olha não é o mesmo olho que vê. Isso sim faz uma grande diferença.
ResponderExcluirbjs lindoca
oi...legal o texto...
ResponderExcluirvi seu blog no forum seguir o de cima entaooo....estou seguindo ok!
^^
Belo! Frenético! imagens e realidade se formam a cada frase. Impossível não ler até o fim.
ResponderExcluirMas para dar mais rítmo tente pontuar mais... frases menores. fica a dica ; )
theabil.blogspot.com
Incrível como o cotidiando é representado por alguém que escreve tão bem....
ResponderExcluirVisita ae qq hora:
http://catalepsiaprodutiva.blogspot.com/
Perfeito! "Um 'fluxo' envolvente."
ResponderExcluirGostei do seu espaço, idéias, textos...
Um beijo,
Fê.
muito bom.
ResponderExcluirbem escrito com um tropecinho aqui e outro ali na concordância.
mas tá ótimo o texto!
Que blog lindo! Adorei... vou seguir.
ResponderExcluirDar calote nos colegas é triste.
ResponderExcluirGostei muito do que li...você tem talento!!!
ResponderExcluirParabens!
bju
Está de parabéns, Andréa!
ResponderExcluirUm quase-vivo retrato das grandes metrópoles, de grandes contrastes.
Passarei mais vezes por aqui!
Um beijo.
Paisagem urbana que não muda nunca
ResponderExcluiruma delícia!!!!
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