sábado, 8 de agosto de 2009

Névski, Paulista, Times Square e Dropsie

Ao mesmo tempo em que a menina de All Star, jeans e iPod nos ouvidos anda apressada pela calçada da vida, o chale azul claro da moça que está a passar fica preso no botão da bolsa feita de couro da outra que o solta com rara gentileza; a moça bonita, sozinha a andar, avista um amigo que não vê há tempos e como uma surpresa pula na frente dele para dar um abraço saudosista; a mendiga fedida enrolada em sacos plástico faz uma súplica aos céus para que ao menos uma moedinha caia em seu potinho de esmolas, e que por favor, “meu santo Deus!”, nesta noite não chova no seu papelão.
Enquanto os carros passam em um movimento frenético quase que indestrutível e as pessoas não se olham mais nos olhos, o ambulante de filmes piratas oferece aos seus possíveis fregueses uma promoção de “três por dez” para conseguir uns grandes trocados e voltar para sua terra de origem antes que o Rapa chegue; as madames de bolsas e casacos de pele animal passeiam empinadas, olham os óculos escuros na vitrine, e compartilham futilidades indizíveis sobre seus maridos empresários provedores do pão de cada dia de seus filhos que cultivam a infidelidade com a secretária de óculos e saia no corpo colada sem que elas saibam.
Em outra esquina um homem moribundo de terno e chinelos, grita pedaços da bíblia para que todos ouçam a palavra de um suposto Deus, que para ele existe e se personifica na forma de um cifrão dourado e vezenquando prateado; na frete da vitrine da livraria estão todos os lançamentos literários-contadores-de-histórias estampados a serem mostrados para a multidão que passa, e nem os percebe, nem os vê; como em uma crônica de João do Rio, um jovem-homem senta na mesa de um bar, pede uma dose de uísque e ali fica a observar toda, toda, toda essa melancolia.

16 comentários:

  1. Oiiie


    tudo bem com voce??
    eaiii nossa voce escrever bem em!
    hauahau

    sera q voce pode me seguir tbm??
    beeijos

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  2. Não sei se são seus ou do Caio Fernando, mas adoro esse ritmo, a poesia de cada segundo, dos olhos atentos aos minunciosos acontecimentos e como eles se desenrolam ao mesmíssimo tempo ilustrando milhões de histórias que geraram outras tantas informações mais. Porque eu acho que tudo é literatura! Bom chegar até aqui, Andrea!

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  3. Momentos que você recorta. Adoro esse olhar poético que faz-me entrar no texto. É como cair em um Déjà vu! :)

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  4. Hum, interessante seu texto!
    Um texto poético de coisas do nosso cotidiano, muito bom.

    Parabéns.

    Beijos.

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  5. O olho que olha não é o mesmo olho que vê. Isso sim faz uma grande diferença.
    bjs lindoca

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  6. oi...legal o texto...
    vi seu blog no forum seguir o de cima entaooo....estou seguindo ok!

    ^^

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  7. Belo! Frenético! imagens e realidade se formam a cada frase. Impossível não ler até o fim.

    Mas para dar mais rítmo tente pontuar mais... frases menores. fica a dica ; )

    theabil.blogspot.com

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  8. Incrível como o cotidiando é representado por alguém que escreve tão bem....

    Visita ae qq hora:
    http://catalepsiaprodutiva.blogspot.com/

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  9. Perfeito! "Um 'fluxo' envolvente."
    Gostei do seu espaço, idéias, textos...

    Um beijo,
    Fê.

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  10. muito bom.
    bem escrito com um tropecinho aqui e outro ali na concordância.
    mas tá ótimo o texto!

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  11. Que blog lindo! Adorei... vou seguir.

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  12. Dar calote nos colegas é triste.

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  13. Gostei muito do que li...você tem talento!!!

    Parabens!

    bju

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  14. Está de parabéns, Andréa!

    Um quase-vivo retrato das grandes metrópoles, de grandes contrastes.

    Passarei mais vezes por aqui!

    Um beijo.

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  15. Paisagem urbana que não muda nunca

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