terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Mulheres de Atenas

Entram, uma seguida da outra, acomodam-se nas longas, macias e verdes cadeiras. A meia luz, uma verde palidez das paredes enfeitadas com esculturas de ancas largas e de formas arredondadas, acolhe um frio barulhento e inquieto que sai do ar, que, condicionado provoca seriedade.
À frente, uma mesa comprida, vestida por completo em vermelho. Suas costas nos mostram uma tela na qual obras-primas de clássicos e renomados artistas são passadas lembrando-me a poesia de Chico ao cantar ‘Mulheres de Atenas’. Todos miraram-se nos exemplos.
O dia é festivo, a merecida comemoração é em nome de todas as Cadenas, Falenas, Helenas, Morenas e Serenas, que, quando amadas, perfumadas, se ajoelham, pedem, imploram. Marcas do orgulho e raça de Atenas. Palmas, palmas.
Ao lado esquerdo, a compahia de honradas bandeiras; à direita uma solidão que comporta um púlpito completamente mudo; a falar, falar e falar está uma linda mulher de cabelos negros e pele branca. ‘Nada acontece novo, sem o sol’, Salomão - diz.
Murmurinhos apressados, tosses roucas, corpos estirados nas cadeiras, mentes e pernas inquietas, um desinteresse surdo e um interesse mudo aparecem durante o falar da moça e entre o abrir e fechar da porta. Todos olham.
Chega o final e mãos inquietas se movimentam, a fim de prestigiar. Mas dali, talvez, todos tenham saído ilesos, e voltado calmamente para os braços, menos, as mulheres de Atenas.

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