quinta-feira, 26 de maio de 2011

Compulsão

Ela sabia que precisava dele. Pelo menos naquela noite de outono, sem grandes esperanças. Como sempre, sozinhos naquele apartamento grande e vazio onde os dois, cúmplices, já tinham deixado marcas de suor e desejo por todos os cantos. Mais uma vez ali, sozinhos. Inteiros, um ao outro. O cheiro, o desejo, a luxúria. Os dois nus. Ele se afastou e o dois olharam um para o outro. Ele não esboçou reação alguma. Ela o abraçou, e disse que o maior medo que sentia era da possibilidade de algo entre os dois acabar. Ele saiu. No silêncio, enquanto ela colocava as roupas, ele voltou, a abraçou e pediu que ela ficasse ali o resto da noite. Mas ela tinha medo da compulsão. Sempre teve. De querer ele sempre e sempre e pra sempre. E amanhã e depois. E de dia, e tarde, de madrugada. E não saber digerir tanto amor e tanto amor acabar lhe fazendo mal. E escolheu ir.

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