sábado, 24 de abril de 2010

Sobre vagalumes e serpentes

Essa é a história da serpente que desceu do morro para procurar um pedacinho do seu rabo.

Ei, você também é um pedacinho do meu rabãããão!

- Quando pequeno, cantava em roda com os colegas de escola esta musiquinha. Quem fosse apontado pela líder da brincadeira no momento do "Ei, você também é um pedacinho do meu rabãããão!", ia para o meio da roda e tinha que ficar ali até o fim da brincadeira ou simplesmente saía da roda, e abria um espaço para que outras pessoas dessem as mãos.

- Engraçado, né? Às vezes me vem à cabeça esta brincadeira, e penso que nós sempre procuramos um pedacinho do nosso rabo. Procuramos, procuramos. E, como na música, que é cantada diversas vezes, nós pegamos, eliminamos, e partimos para outra eliminação até sobrar apenas um. Este, que deveria ser o único pedaço do rabo que faltava.

- Mas sabe, acredito que é também uma questão de querer. De querer procurar. O procurar pelo rabo, pela metade da laranja, pelo elo perdido, por todas as coisas que fazem falta aos seres ditos humanos. Que seria deles sem a procura eterna por algo que não se sabe o que é, e nem o que pode vir a ser? Apenas se vive. E às vezes, se corre atrás do pedacinho do rabo.

- O grande problema é quanto o outro invade. É aquela história: eu também sou uma serpente, eu também tenho um rabo, e eu também quero achar o meu pedacinho. Sabe a história do vagalume e da serpente? "Eu não brilho e tú não brilharás também". Compreende? Aí já rende outra história...

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