sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Na Espera

Em 1988 existiam 376 registros com seu nome no Serasa, sim, aquele limbo para onde levam os nomes de pessoas inadimplentes. Logo, tudo o que ele fazia tinha de ser comprovado. Não era nenhum daqueles 376, apenas teve a infelicidade de ser batizado com o mesmo nome, e ser filho de uma mãe Alves e um pai Silva. Até hoje alguns equívocos ainda acontecem.
Hoje, no ano de 2009, seu José Alves da Silva, um velhinho de 77 anos, tem câncer de pele e quer se curar. Buscou os serviços do Estado e, novamente, por infelicidade do "maldito" nome -como o mesmo diz-, sua biópsia fora trocada com a de outro José Alves da Silva, que, por sinal, tem câncer de pulmão e não de pele.
O conheci na sala de espera, enquanto Margarida salvava Maria. Ele contou sobre o Serasa, sobre a troca da biópsia e disse que estava ali para resolver pela quinquagésima vez esta história. Indignado, disse que se o Estado, os médicos, e os funcionários daquele hospital não sabiam, o câncer estava a crescer e não ia esperar a boa vontade de outros. Mais brasileiro do que sr. José Alves da Silva, impossível!

10 comentários:

  1. As vezes parece até ficção né?

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  2. Andréa,
    muito bom ler seus escritos,
    apesar da triste realidade que você nos passou.

    Sucesso com o blog!

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  3. Muito boa a história. Infelizmente muitos brasileiros sofrem por isso. Sucesso.
    Inté...

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  4. Singelo e bem real, Andréa. Acho que por essas é que penso em colocar um nome até um pouco extenso nos meus filhos, para que não haja nenhuma confusão pelo teor comum dos nomes que aí estão.

    Gosto de visitar os blogs da comunidade jornalistas blogueiros, em sua grande maioria são páginas de muito bom conteúdo!

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  5. Nossa, que incrível!!!

    por isso que é bom ter criatividade nos nomes rs

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  6. Andréa,




    A quem serve a burocracia?! A estupidez da burocracia é das coisas mais hediondas que contemplo desde sempre... Veja uma coisa simples: "carteira de reservista" é pedido pra n coisas. Bom: pra ter meu registro profissional no CRP e outras coisas. Digamos que amanhã eu seja interpelado a mostrar meu "título de reservista". se eu mostro qualquer documento CUJO PRESSUPOSTO TERÁ SIDO A APRESENTAÇÃO DO MESMO CERTIFICADO, DIRÃO: "NÃO SERVE". Então, além do trágico-patético-kafkiano do que vc mostra em seu texto, há os patéticos do dia a dia. Eu retiro um valor num caixa eletrônico de um posto de gasolina, consta o "retire o seu dinheiro" e há falta de energia por conta da queda de um raio. Quando o sistema volta ao normal, consta que eu retirei o dinheiro. O banco diz: "na conferição do funcionário, veremos se estará sobrando o valor" (480 reais). Adivinha se encontraram "valor excedente"?! Então, para todos os efeitos, eu simplesmente "não me lembro de que retirei o dinheiro". Capicce?! Em suma: o raio deve ter caído em minha cabeça, e não ter sido o causador da pane elétrica no sistema...






    Kafka diria: "Eu não disse?!"





    Beijos,











    Marcelo.

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  7. Alguém doida por Caio que nem minha melhor amiga é até engraçado!
    gostei muito do blog, espero passar sempre.
    Gosto dos coisas d'alma e de mel, muito bom! de verdade!

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  8. Lindas palavras. Você sempre nos traz lindos recortes do cotidiano. Continue sempre assim!

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  9. juro que começei a ler pelo magnetismo da palavra "serasa", que assola meus pensamentos diários.. mas lendo as outras linhas, me senti mais uma. Totalmente uma, perto da infelicidade DO seu José Alves.

    a vida só significa quando olhamos para o lado...

    muito bom o texto e a sensibilidade..

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