quinta-feira, 2 de julho de 2009

Números

Voltava andando pela rua a pensar no que teria para o jantar quando chegasse em casa. Parou no supermercado mais perto e pegou um litro de leite, seis pães, uma caixinha de ovos -daquelas com uma dúzia-, meio quilo de linguiça, um saquinho de um quilo de arroz e uma garrafa de um litro e meio de refrigerante. Dirigiu-se até o caixa que dizia, "até 10 volumes" com a cestinha de compras na mão e sacou o cartão de débito: "sem saldo", disse o menino do caixa. Para garantir, sacou o cartão de crédito e então: "não autorizada", disse novamente o menino do caixa. Olhou para as compras, guardou os cartões; olhou para o menino, para as pessoas na fila e pensou: "eles não têm culpa"; sentiu o julgamento dos olhares e a repressão dos cochicos ensurdecedores que vinham de dentro; ajeitou o casaco, afastou as supostas compras, checou se os cartões estavam bem guardados, olhou para a porta, levantou o nariz, virou as costas e foi embora sem dizer nenhuma palavra. Continuou seu caminho pensando apenas nos números.

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