domingo, 12 de abril de 2009

Inesquecível

Cheguei a desacreditar quando ouvi os primeiros acordes da guitarra e as primeiras batidas das baquetas nos tambores. Antes, o ‘Doutor Pecado’ tinha feito uma tentativa de animar a multidão. Foi boa, mas não deu muito certo. O esperado de verdade não era o coro de “Futebol, Mulher e Rock’n Rol, meu deus como isso é boml”. Nenhuma música melhor pra anunciar a chegada do Kiss ao palco, tirando o futebol, claro.

No momento em que tocava de fundo, ‘wont get fool again’, do The Who, uma bandeira enorme despencou do alto para dizer, “preparem-se é daqui a muito pouco tempo que vai começar o melhor show das suas vidas”. E com todo o direito do mundo, eles, os mascarados, entraram no palco com dignos estouros para começar o show em São Paulo da turnê, ‘Alive/35’, levando 30 mil pessoas ao êxtase.

Mais inteiros, completos, mascarados, fantasiados e maquiados do que nunca, o quarteto de Paul Stanley (um tanto quanto rouco), Gene Simmons (sempre 'o' personagem), Eric Singer e Tommy Thayer levou uma multidão ao delírio com os primeiros acordes de “Deuce”, seguidas de “Strutter” e de Simmons cuspindo fogo (cuspindo fogo!) em “Hotter Than Hell”.

O ápice do show foi quando Paul Stanley começou a tocar a introdução de “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin e fez um suspense descabido ao cantarolar, “there’s a lady who is shure, that all the glitter is gold…”, “Toco essa?”, perguntou. Naquele momento, juro, se eles realmente tocassem essa música eu poderia morrer feliz no dia seguinte. Mas isso não aconteceu, e depois da brincadeira de (muito) mal gosto, veio a empolgante “Black Diamond”.

Embora a meteorologia tivesse previsto muita chuva, a única que de fato aconteceu foi de fogos, de papéis prateados em cima de todas as cabeças, e um vôo até o outro lado do Anhembi do Paul Stanley no solo da “Love Gun”. Eu gritava, cantava, pulava, e não estava nem aí se eu não conseguia ver o palco, se o meu joelho estragado fosse ficar mais estragado ainda, e se eu iria ficar sem voz no dia seguinte na hora de cantar “Rock and Roll All Night”, “I Was Made For Loving You” e “Detroit Rock City”.

Meus olhos brilhavam e meu coração palpitava descontroladamente. Foram as três horas mais rápidas da minha vida em meio a pessoas maquiadas como os verdadeiros maquiados, a músicas, fogos, chuva de papéis prateados, pessoas queridas ao meu lado, gargantas se esgoelando de tanto cantar e de gritar "cadê os peitoooos?".

No dia seguinte quando vinham me perguntar, “como foi o show?”, eu não conseguia contar como se aquele momento realmente tivesse acontecido, e apenas dizia, ‘foi inesquecível’. Podem falar o que for, mas o Kiss é o Kiss, sempre. Foi demais.

*Alguém! Uma máquina do tempo, por favor, eu preciso de uma!
*História número 23445435 para contar para os filhos!

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