sábado, 11 de abril de 2009

Adeus você

Era tão bom estar em suas mãos, passar na frente daquele lugar só porque sabia que você estaria lá.
Era tão bom estar em suas mãos, esperar telefonemas e mensagens só para ouvir sua voz, ou para ler algo que vinha de você enquanto tentava dormir a noite, acabando com pacotes de chocolate e tomando café para não dormir, só a esperar você.
Era tão bom estar em suas mãos, olhar pra você e saber que alguma coisa você fazia comigo mesmo sem saber, que deixava minhas pernas a tremer.
Era tão bom estar em suas mãos, jogar conversa fora na mesa de um bar com os amigos, dar risadas em meio a cervejas enquanto eu tagarelava sobre mim, sobre livros, paixões, pessoas e afetos e você sobre o futebol, artes, música, poesia e sua vida.
Era tão bom estar em suas mãos, esperar você chegar e dar chilique porque não chegou na hora que tínhamos combinado.
Era tão bom estar em suas mãos, me sentir segura ao entrelaçá-la à minha no meio da rua em meio a tantas pessoas, e sentir minhas bochechas corarem ao dizer que era você, só você pra mim; e ser correspondida com um sorriso sincero acompanhado de um beijo e um abraçado demorados.
Era tão bom estar em suas mãos, discutir política e criticar sua visão completamente deturpada em relação a algumas coisas, e brigarmos por isso.
Era tão bom estar em suas mãos, sentir seu corpo quente na minha pele, e, passando a mão pelos seus cabelos ouvir você sussurrar palavras que não são permitidas dizer à luz do dia, e depois, deixar a luz entrar enquanto sua mão encontrava a minha para um delicado “bom dia”.
Era tão bom estar em suas mãos, e sentir o seu abraço apertado quando eu me desesperava e chorava compulsivamente porque algo tinha saído da normalidade.
Era tão bom estar em suas mãos, e discutir, brigar, gritar, por coisas que para você não tinham nenhum sentido e que para mim faziam toda a diferença, e te ver dando meia volta em minha direção depois de virar as costas e não ter dito coisa com coisa.
Era tão bom estar em suas mãos, e ver o seu sorriso quando me olhava, com tamanha paixão, e crer que o que via em mim, era realmente o que eu era.
Era tão bom estar em suas mãos, ir ao cinema na sessão da meia noite no pior filme possível, encher a cara de coca-cola light e passar as mãos melecadas no seu rosto de tanta manteiga que tinha na pipoca e rir como duas hienas descontroladas.
Era tão bom estar em suas mãos, ficar em casa aos domingos de pijama junto com você, e brigar pelo controle da televisão.
Era tão bom estar em suas mãos e saber mais de você do que muitas outras pessoas que te conheciam a mais tempo do que eu, e saber dizer a palavra certa, na hora certa, junto com um beijo e um abraço caloroso pra te confortar no meu peito e dizer que vai ficar tudo bem.
Era tão bom estar em suas mãos, e ler quantas vezes fossem necessárias as cartas que foram mandadas no começo de tudo, só pra relembrar.
Era tão bom estar em suas mãos, e ver a sua preocupação em cuidar de mim, em saber se eu estava bem quando uma simples dor de garganta veio acompanhada de uma febre me atacar, e me deixar de cama, e ver você oferecer a sua blusa pra mim todas as vezes que eu estava sem a minha.
Era tão bom estar em suas mãos, e ver que além dos meus pais você se preocupava com o vento que batia nas minhas costas.
Era tão bom estar em suas mãos. Tão, mas tão bom que delas nunca desejei sair. Tão bom que você, você mesmo, você com quem eu falo: eu nunca soube quem foi, e acredito firmemente que a não ser em meus desejos e devaneios de-menina-sonhadora-que-sou, nunca de fato existiu.
Adeus você, adeus.

2 comentários:

  1. voce vai achar bizarro, mas eu escrevi um texto nao parecido, mas a ideia era a mesma. o texto tinha repetiçoes, falava sobre coisas que nunca tive. eu estava perdidamente apaixonada por alguém completamente distante, que de tao distante, era irreal.
    adorei o texto. de uma sensibilidade absurda.

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  2. gostei tanto do seu texto que até me empolguei pra postar o meu. hahaha. é lindo, adoro textos assim. sério. hihihi. :)

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